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terça-feira, 25 de maio de 2010

Comentário final

Termina aqui o nosso trabalho sobre esta obra. Podemos dizer que, estudar intensamente um romance histórico, foi uma experiência enriquecedora e interessante. Ao longo da análise da obra, deparámo-nos com muitas personagens que podem levar à confusão do leitor menos atento. Mas o facto de ser uma história verídica, prende a atenção do leitor.

A leitura desta obra levou-nos a perceber a história dos judeus e criou-nos curiosidade para conhecer o seu percurso. Exemplo disso foi a nossa ida ao Museu Judaico de Faro e a investigação bibliográfica e na internet que fizemos. É de destacar os locais históricos que passámos a conhecer e as vivências de certas personalidades que foram importantes na época.

Fazemos um balanço positivo e recomendamos a todos a leitura desta obra.

Conclusão

Enfrentando o ódio dos Habsburgo, dos papas e da República de Veneza, a figura histórica e lendária de Gracia Nasi, a jovem viúva de um rico banqueiro português, encarna ainda hoje a coragem, a obstinação e a dor dos judeus sefarditas, obrigados a migrar de território a território, numa Europa quinhentista marcada pelo signo da Inquisição.

De Lisboa a Istambul, passando pelas costas da Palestina e ilhas do Mediterrâneo, Catherine Clément acompanha a trajectória dos Nasi, inventariando intrigas amorosas, querelas teológicas, alianças políticas e interesses comerciais. O resultado é um romance histórico fascinante, que recria com perfeição uma das passagens mais impressionantes da era moderna, quando se decidiam os destinos de judeus, cristãos e muçulmanos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Capítulo X - O Último Sabat

Este último capítulo passa-se em 1579 e começa com a vingança de Occhiali, um jovem brilhante e Judeu da Polónia. Occhiali fez uma razia nas costas adriáticas, à volta de Cândia, Zante e Cefalónia. Este afogou o mar num espesso fumo branco e fugiu com toda a armada. Enganando pela 3ªvez D. João da Áustria, tendo este que se retirar e dar-se por vencido.

Josef recorda-se de tudo o que viveu, de todas as suas viagens e acontecimentos importantes da sua vida com Beatriz. Conheceu Salomão Eskenazi, um jovem judeu, apresentado por Sokolli, que finalmente havia obtido a paz com a vingança de Veneza. Salomão confundiu Josef, dizendo que Beatriz se havia vingado do Papa e não de Habsburgo, Josef duvidou da sua veracidade. Mas acabando por acreditar nele, e como este lhe havia dito que Sokolli procurava concluir um tratado de paz com Filipe II, Josef escreveu-lhe uma carta procurando que isso acontecesse. Veio a descobrir mais tarde que a carta tinha sido falsificada e nem tinha sido enviada. A carta tinha sido dada a conhecer a Sokolli, que não acreditou na sua palavra e nomeou Salomão como seu conselheiro particular.


Após tudo isto Josef toma gosto pelo teatro e inspirado na Senhora, reescreve “Ester” com base nas lembranças que tinha de Beatriz, para colocar em cena no quinto aniversário da sua morte.

Ester - A Bíblia Sagrada

Apoia Selim até ao seu último suspiro sentindo-se, mais uma vez desde a morte de Beatriz, impotente. Por fim Josef descobre que a Duquesa deixou de ser muda, mas ordenada por Beatriz fingiu continuar a mudez mesmo após ter ganhado a fala.

Capitulo IX – Morreu a flor esplêndida do exílio de Israel

O capítulo IX passa-se entre os anos 1569 e 1571. Josef recorda Beatriz e tem esperança que ela regresse de Safed “Beatriz desaparecera, não conseguia acreditar; ora, era uma separação como todas as outras, uma nova mania, ela não havia de resistir, voltaria”. A inquietação pelo amor e pela vida de Beatriz ocupa o seu pensamento até ao dia em que rabi Jeremias o informa da morte da aclamada e soberana Senhora.

Jeremias conta que a Senhora foi bem acolhida em Safed, desde logo começou a estudar, praticava meditação e o seu mestre rabi Isaac numa noite de Sabat a levou ao cemitério, onde este costumava invocar os mortos. Durante a meditação a Senhora falecera. Josef reage mal perante a mensagem de Jeremias culpando rabi Isaac pelo que aconteceu a Beatriz.

Ilustração de um Rabi

Fazem-se grandiosas cerimónias em memória da Senhora. Em todos os lugares surgem construções em nome da “Sereníssima Princesa, a Glória de Israel, a flor esplêndida do Exílio que alicerçou a sua casa sobre a pureza e a santidade, protegeu os pobres e salvou os aflitos”. Durante a sua celebração na Grande Igreja de Istambul o rabi Soncino traça à Senhora um forte elogio.

Basílica de Santa Sofia. Istambul

Jeremias entrega a Josef um cofre que a Senhora lhe deixou. Neste, Josef descobre um papel com a letra de Beatriz. Esta chama-lhe bem-amado, revela-lhe os seus segredos e ainda que espera por ele "no seio da Grande Alma".

Na parte final do capítulo, o Duque de Naxos fala com orgulho do Grande Arsenal da Sereníssima, uma fábrica de galeras. Ele afirma que o Arsenal ardeu e que a honra da Senhora estava vingada. Conta ainda que por volta desta altura reencontrou Faustina, os dois vivem um momento caloroso e Josef acautela-a sobre as tropas otomanas. A Santa Liga estava prestes a ser constituída e a guerra pela qual esperava havia muito tempo, estava a explodir.

Beatriz profetizou a derrota do Império Otomano face aos príncipes do Ocidente e não se engana, o que esperaram tanto acontece.

Josef Nasi – O Duque de Naxos

A história de Josef Nasi (1505 - 1579) é fascinante. É rica em aventura, coragem e resistência, mas também nos traz à mente a vida trágica que os judeus tinham naqueles tempos, quase no fim da Idade Média.

Joseph nasceu em Espanha, quando a Inquisição estava no poder. Órfão, foi criado por dois tios que tinham adoptado nomes espanhóis, Francesco e Diego Mendes. Os membros da família Mendes eram banqueiros de reputação mundial. Depois da morte de Francesco e Diego Mendes ficou sob os cuidados de sua tia Gracia Nasi.

Naxiotas, séc. XVIII, Ilustração de "Relation d'un voyage au Levant", 1781

O jovem Josef que cresceu como um homem de educação refinada, quando teve idade suficiente, assumiu a administração da grande casa bancária, que tinha renome mundial. No decorrer dos seus negócios Joseph fazia contacto com a mais alta nobreza e até casas reais de muitos países europeus. O Rei da França pediu uma grande quantia emprestada ao banco Mendes. Outro cliente era a Rainha Maria, regente da Holanda (irmã do Imperador Carlos V).

Josef Nasi, o brilhante jovem banqueiro, casou-se com sua prima, a bondosa e justa Reyna, filha da sua tia Gracia. Criou uma próspera empresa de importação e exportação entre os países do Velho e do Novo Mundo. O Sultão logo notou o grande génio deste novo súbdito e dedicava-lhe muita atenção. Joseph usou a sua influência com o Sultão para ajudar os seus irmãos que sofriam devido às perseguições, encorajadas pelo Papa Paulo IV em Roma.

O auge da carreira diplomática e comercial de Josef foi quando o seu amigo Selim II se tornou Sultão com a morte do pai. Um dos primeiros actos oficiais do novo Sultão foi retribuir os serviços leais de seu amigo judeu e nomeou Joseph como Duque da Ilha de Naxos. Morava no lindo castelo Belvedere em Constantinopla, a capital do Império Otomano.

Constantinopla, capital do Império Otomano

Josef Nasi tinha grande influência sobre Selim II, embora o grão-vizir Sokolli, um bósnio de carácter duvidoso, fizesse todo o possível diminuir a confiança do Sultão no seu conselheiro judeu. Os governantes da Europa logo perceberam a grande importância de Joseph no poderoso império do Sultão e procuraram a sua amizade. Outro monarca que estabeleceu relações de amizade com Joseff Nasi foi o Rei Sigismundo da Polónia. Graças a esta amizade, o Rei da Polónia tratava seus súbditos judeus com bondade.

Após a morte do amigo Sultão Selim II, a sorte de Josef mudou. O novo governante era o cruel Murat, que estava sob a influência do pior inimigo de Josef Mohammed Sokolli. Os serviços de Joseph não eram mais exigidos pelo novo Sultão, e Josef retirou-se para uma vida pacífica de estudo e boas acções no seu castelo de Belvedere.

Estabeleceu uma imprensa judaica em sua casa, que passou a publicar muitas obras importantes. A sua extensa biblioteca estava aberta a todos os eruditos. Escreveu um livro em defesa da religião judaica em espanhol, que depois foi traduzido para hebraico por um de seus protegidos, sob o título "Ben Poroth Josef".

Documento de Josef Nasi

Quando Josef Nasi, Duque de Naxos, faleceu em Constantinopla no Verão de 1579, todo o mundo judaico lamentou a sua morte. Só o Sultão ficou contente com a morte deste grande homem, pois confiscou toda a sua fortuna. Até a viúva de Josef, a generosa Reyna que faleceu em 1599, teve de deixar o lindo castelo em que vivia. A imprensa hebraica fundada por Josef foi fechada. Alguns anos mais tarde, o corcunda disforme a quem Josef contou toda a sua história, percorria todas as tavernas de Londres contando maravilhosos acontecimentos que quase ninguém acreditava. Um estudante de nome Christopher Marlowe, já embriagado, quanto escutou algumas das histórias só se lembrou de uma parcela da verdade. Consequentemente, fez uma peça intitulada O judeu de Malta que retratava um mau negociante judeu que havia enganado os príncipes europeus. Mais tarde, William Shakespeare, transformou Josef Nasi em Shylock, O Mercador de Veneza. Assim, a morte de Josef colocou um fim à obra da sua vida, mas a lembrança de seus grandes feitos, e a honra que ele desfrutou, permanecem através dos tempos.

William Shakespeare - O Mercador de Veneza


Fonte: www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/personalidades.html

Capítulo VIII - Eyup, ou a Liturgia do Adeus

Este capítulo passa-se entre os anos de 1566 até 1569. Josef encontra Reyna a cantar, como à muito não fazia, para o primo Samuel (marido de Chica). Num acto precipitado, espanca os dois mas é separado por Beatriz que de tudo já sabia. Desconfiou-se que Reyna estava grávida e que perdeu a criança devido a tanta violência.

Josef, desconfiado que Sokolli tivesse assassinado Sampiero Corso, patriota amigo de Josef, velou pelo seu amigo Selim. A partir de agora, era Josef que o iria alimentar com comida selada e protegida de venenos. Selim agradeceu o gesto e queria compensa-lo de alguma forma. Josef pensou em Chipre onde o desejo de ser rei se revelou. Mas isso ainda não era possível e Selim deu-lhe antes a ilha de Naxos, na Grécia.

Localização da ilha de Naxos

Mapa de Naxos

Esta ilha parecia parada no tempo, era tudo muito antigo mas digno. Lá, a família Mendes encontra Francesco Coronello, filho de Abraão Senior, o primeiro dos Marranos. A coroação de Josef, duque de Naxos e das Cíclades, deu-se então ao que a população local não aceitava bem a mudança de soberano. Josef afirma perante todos que nenhuma religião irá ser proibida naquelas terras "Nenhuma, nem sequer as dos meus antepassados".

Naxos, a maior e actualmente a mais auto-suficiente ilha dentro das Cyclades devido à sua grande produção agrícola e de lacticínios

Selim havia ordenado a Sokolli que preparasse a guerra contra Chipre e em breve Josef se tornaria rei. A ideia não agradava a Beatriz que acreditava que a melhor opção era realizar casamentos e consequentemente alianças.

Depois, em 1569, deu-se um incêndio em Galata, na ilha de Naxos. Brianda que se aproximou imprudentemente do fogo, ficou com queimaduras graves e acabou por falecer. Reyna, por sua vez, ao ir socorrer uma criança foi raptada por um grupo de janízaros que pilhavam a zona e até violavam as mulheres. Nenhum mal foi feito a Reyna mas com o susto perdeu a fala.

Beatriz, ao deparar-se com estas desgraças, enfraqueceu. Ao constatar que estava velha fez o seu testamento, realizando uma festa para a sua assinatura. A sua última festa foi esplendorosa e todos se comoveram. A Senhora mostrou o desejo de partir para Safed onde acabaria os seus últimos dias.

Antes da viagem, encontra-se com Josef e declara-se: "A minha vida foi senão uma longa espera por ti".

Capítulo VII - As Amoreiras da Palestina

Este capítulo passa-se entre os anos 1558 e 1566. Josef Nasi é nomeado príncipe europeu, a pedido do príncipe Selim. Beatriz pede-lhe que renuncie, acusando-o de traição por aceitar um título otomano. Mas Joseph nega-se a renunciar, diz-lhe que já bastou ter andado às suas ordens toda a sua vida e tê-lo obrigado a casar com Reyna.

Samuel Nasi juntou-se então à família. Era um primo que tinha passado com eles a infância em Lisboa. Beatriz decidiu casa-lo com Chica, e a partir dai Samuel ocupou-se da casa. Pôde assim Josef entregar-se por inteiro às suas actividades políticas, e foi-se desligando da família Nasi.

O rei Filipe II, filho do Habsburgo, havia jurado derrotar o Império Otomano, e manifestava muita determinação, paciência e persistência. Começou por quebrar a aliança que unia há muito o sultão Solimão e o rei de França e fez as pazes com este país. A paz com França permitia a Filipe II conduzir a sua própria política, e estando liberto de problemas fronteiriços, voltou-se contra o Otomano.

Rei Filipe II, filho de Habsburgo

Atacou Djerba e o almirante Piali Paxá dirigiu-se ao seu encontro. Roustem Paxá dizia a Josef que a batalha estava ganha, e que Piali Paxá estaria de volta vitorioso antes do Inverno, e assim foi. Em Outubro estava de volta, com um chegada triunfal, momento em que aproveitou para renovar a proibição do vinho. Sultão Solimão concedeu honrarias a Josef, queria que a família Nasi cobrasse as dívidas que a coroa francesa tinha para com eles e humilhar o rei francês. Iriam conceder-lhe terras, e Josef escolheu terras da Palestina, para satisfazer Beatriz. Esta não coube em si de emoção quando este lhe transmitiu a boa nova, e perdoou de imediato pela sua ausência em relação à família e à sua filha Reyna.

Djerba

Beatriz queria reconstruir o Tiberíade, reerguer todas as ruínas, reunir todos os irmãos. Morreu Roustem Paxá, e foi substituído por Ali Paxá. Beatriz iniciou os preparativos da partida para a Palestina, esteve reunida, entre outros, com arquitectos e mercadores chineses. Foram para Edirna, visitar as sericulturas, de modo a aprenderem tudo sobre bichos-da-seda e recrutaram os seus futuros colonos. Beatriz tomou a decisão de mandar vir de Lisboa os restos mortais do seu falecido marido, Francisco Mendes, para juntar ao coração que estava na Palestina.

Lago di Tiberiade 1947

Partiram para Tiberíade, na Palestina, e à chegada, tal como em Ragusa e Salónica, a Senhora foi recebida com grande entusiasmo. Beatriz partiu depois sozinha para Safed, e passado algum tempo, temendo a sua longa demora Josef foi atrás dela, e encontro-a em casa do rabi Isaac Louria, “É profeta de Israel, Josef, prosterna-te”, disse Beatriz. Rabi Isaac dizia que a Senhora fora consagrada «centalha privilegiada», a reencarnação longínqua de Judite e de Ester.

Mais tarde voltaram para Tiberíade, e no dia seguinte partiram para o Sul da Palestina, para o Vale de Josafat, a fim de enterrar os restos mortais de Francisco Mendes junto do seu coração. Depois do enterro de Francisco, de construída a sinagoga, de instaladas as sericiculturas e realizadas as lamentações, estavam todos os deveres cumpridos, pensavam em partir. Mas apareceu lá um velho que andava a atormentar a comunidade, e quando Beatriz e Josef foram falar com ele, acusou-os de terem roubado as terras sem se preocuparem, que aquelas terras pertenciam aos árabes e que deles voltariam a ser. Tentaram convencê-lo de que as duas comunidades poderiam viver juntas, mas o velho não concordou.

Vale de Josafat

Antes de partir para Istambul, mandaram construir a sua casa, que Beatriz quis branca e simples, sem qualquer luxo. A guerra entre o Ocidente e os otomanos estava prestes a suceder-se. Os otomanos ficaram despreocupados quando souberam que o inimigo viria por mar, mas acabaram por ser derrotados. Piali Paxá não resistiu ao despeito sentido após a dura derrota e acabou por sofrer um acidente vascular cerebral que, naquela altura, dava pelo nome de apoplexia. Não estando em condições de continuar a assumir o seu cargo, foi substituído por Mehemet Sokolli.

Sokolli não gostava dos Judeus. Nessa época espalhou-se a lenda que Mehemet Sokolli teria escavado um túnel até debaixo do quarto do sultão e que todas as noites quando o sultão estava quase a adormecer este sussurrava-lhe ao ouvido
«Eu, o profeta Maomé, venho em nome de Deus ordenar-te que, num prazo de três dias, massacres todos os Judeus do teu reino e lhes confisques todas as riquezas», mas a verdade acabou por aparecer.

A tormenta estoirou na fronteira da Hungria, e o novo rei atacou as forças otomanas que estavam nas fronteiras. O novo rei era Maximiliano, amigo de Josef, mas desta vez iriam estar em lados opostos. A guerra teve inicio em 1566. Morreu sultão Solimão, e príncipe Selim, seu filho, tomou o seu lugar. Apesar de terem ganho a maioria das batalhas, Selim tomou a decisão de abandonar a guerra e voltar para Istambul. Três dias após os rituais fúnebres, o novo sultão foi visitado por altos funcionários do Império Turco, que vieram pedir-lhe que mantivesse a ordem de proibição do vinho no Império, mas Selim recusou e mandou-os embora. Sokolli falou com Josef para tentar que este convencesse o sultão a mudar de ideias, caso contrário nunca o perdoaria, mas Josef recusou, e sabia que um dia Sokolli tentaria destrui-lo. Sultão Selim prometia todas as noites a Josef que um dia este iria ser duque.

Príncipe Selim

Solimão, O Magnífico

Solimão I (1494 - 1566), foi um grande sultão imperial, Comandante dos Fiéis e Sucessor do Profeta do Senhor do Universo. Também conhecido como Suleimão I, Salomão I, Sulimão I ou Solimão Paxá, foi o décimo sultão do Império Otomano e o de mais longo reinado que iniciou em 1520 até sua morte em 1566.

Solimão, O Magnífico

É conhecido no Ocidente como Solimão, o Magnífico e no Oriente como O Legislador, devido à sua reconstrução completa do sistema jurídico otomano. Solimão tornou-se um monarca proeminente da Europa do século XVI, que preside o ápice do poder do império Otomano, militar, político e económico.

Liderou pessoalmente o exército otomano na conquista das fortalezas cristãs de Belgrado, Rodes e a maioria da Hungria, antes de suas conquistas serem restringidas no Cerco de Viena em 1529. Anexou a maioria do Oriente Médio no seu conflito com os persas e grandes porções da África do Norte a oeste até a Argélia. Sob seu governo, a frota otomana dominava os mares do Mediterrâneo ao Mar Vermelho e o Golfo Pérsico.


Rodes, ilustração desconhecida

Capítulo VI – O Embargo da Senhora

Neste capítulo, que decorre entre 1554 e 1558, finalmente Beatriz viaja com destino à Palestina para poder cumprir a promessa feita a Francisco, seu esposo. Josef não a acompanha e usa como desculpa o facto de ter sido solicitado pelo Grão-Vizir Roustem Paxá, que o iria instruir sobre os assuntos do Império.

O Sultão Solimão tentava reconciliar-se com o seu filho Mustafá,
"o Generoso" pois na Europa os acontecimentos precipitavam-se e era necessária a união. Filipe, filho de Carlos V, casara-se com Maria Tudor que era “ferozmente católica” e o Grão-Vizir que tinha um mau pressentimento em relação a este casal, depositava muitas expectativas na reconciliação dos Osmanlis. Mas todo este processo teve um desfecho inesperado, pois o Sultão mandou matar o seu filho. Com esta morte Roustem Paxá foi desacreditado e perdeu as suas funções e a chancela de Grão-Vizir, que só iria recuperar dois anos depois.

Josef tornou-se então confidente e companheiro de exílio de Roustem Paxá. Achava que eram, de certa forma parecidos, pois não eram guerreiros mas sim
“filhos da desventura e da manha”. Roustem Paxá avisava Josef para os perigos do Império: “O Império tolera mas assassina; é liberal mas cego". Evocava também os filhos do Magnífico e aconselhou Josef a encontrar-se com Selim, o Príncipe da Magnésia, um dos filhos do Sultão que ele achava que seria o seu sucessor. Josef assim o fez e criou com o Príncipe um relacionamento muito afectuoso, tornaram-se amigos.

Localização da Magnésia, Grécia

Selim adorava a sua mãe, a Sultana Roxelane, mas condenava o Sultão, pelo que a sua mãe tinha passado. A Ruiva, era assim que a chamavam por causa dos seus cabelos cor de fogo, tinha sido raptada da Rússia e foi vendida num mercado de escravos. Como era formosa foi logo vendida para o harém do Sultão que a tornou sua cadina. Teve que rastejar para o Sultão e vivia presa sem poder sair para onde quisesse. Os filhos dos Sultões eram desde à muito tempo de escravas estrangeiras, pois estes tinham renunciados a alianças reais e faziam filhos às moças raptadas pelos janízaros.

Com a morte do Papa Júlio III sucedeu-lhe o terrível inquisidor Caraffa que adoptou o nome de Paulo IV. Até aqui, os Papas tinha refreado os progressos da Inquisição, que achavam muito poderosa mas o novo Papa trouxe o triunfo dos inquisidores sobre o papado. A primeira coisa que Paulo IV fez foi promulgar uma bula que infligia a todos os marranos dos seus Estados, um tratamento indigno.

Inquisiçao, Goya de Francisco

O Sultão aceita ouvir a Senhora pessoalmente e apesar de achar o encontro um pouco estranho, o Padixá aceita atender ao pedido dos Nasi e tentar proteger os judeus dos Estados do Papa. Como nem as cartas enviadas pelo Sultão resultavam na libertação dos judeus, estes lançaram um desesperado apelo à Senhora. Pediam que mostrasse ao Mundo que “todos os filhos de Israel eram garantes uns dos outros” e sugeriram um embargo aos Estados do Papa, já que a frota dos Nasi era a que fazia o essencial das riquezas deles. Assim fizeram e com o apoio do Padixá. Este embargo trouxe discórdias entre os judeus e os marranos, onde os primeiros achavam que não deviam ser sacrificados: “por um punhado de marranos – e muito menos o comercio”.

Esta discórdia levou ao abrandamento do embargo e quando a situação estava cada vez mais difícil entre as comunidades judaicas, Beatriz teve que tomar a decisão se renovava ou não o embargo. Perante uma escolha difícil foi necessário consultar todos os rabinos da Capital do Império. Os mais importantes assinaram a favor mas, quando chegou a hora, do grande amigo de Beatriz, o rabi Soncino, assinar este recusou-se alegando questões politicas. Mesmo depois das súplicas de Beatriz, o rabi continuou com a sua decisão e o embargo foi levantado.

A Senhora foi desonrada e traída pelos seus irmãos. Várias mortes e prisões foram o resultado do final do embargo. Entretanto Roustem Paxá pediu a Josef que ajudasse a evitar que matassem o Príncipe Selim mas Josef não podia deixar Beatriz depois da terrível derrota, e teve que recusar. Foi mandado em seu lugar um escudeiro da corte chamado Lala Mustafá que através de manhas, mentiras e emboscadas, com o conhecimento do Grão-Vizir, agravou o conflito entre os filhos do Sultão, Selim e Bajazet, e fez com que o segundo fosse morto. Selim eram assim, o único herdeiro do Império.

domingo, 23 de maio de 2010

Maria de Habsburgo

Maria de Habsburgo (18 de Setembro de 1505 - 18 de Outubro de 1558), também conhecida como Maria da Hungria, da Áustria, de Castela ou da Borgonha, foi rainha consorte de Luís II da Boémia e Hungria e depois governadora dos Países Baixos para seu irmão Carlos V da Germânia.

Maria nasceu em Bruxelas, filha de Filipe "O Belo" e de Joana "A Louca", Rainha de Castela. Seus avós paternos eram Maximiliano I da Germânia e Maria, a Rica, da Borgonha. Seus avós maternos eram os Reis Católicos Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela. Era irmã mais nova Leonor de Habsburgo, Carlos V da Germânia, Isabel de Habsburgo, Fernando I da Germânia e de Catarina de Habsburgo.

Antes de completar um ano de idade, Maria foi prometida como esposa ao primeiro filho varão de Vladislau II de Boêmia e Hungria e da sua quarta consorte Ana de Foix. Em 1506 nasceu Luís II de Boêmia e Hungria e o casamento ocorreu em Buda, a 13 de Janeiro de 1522. Maria foi Rainha da Boêmia e Hungria durante quatro anos e sete meses.

Maria de Habsburgo

A 29 de Agosto de 1526, Luís foi morto na Batalha de Mohács enquanto liderava suas forças contra Solimão, o Magnífico, do Império Otomano. Eles não tinham filhos e as coroas unidas da Boêmia e da Hungria passaram para o irmão de Maria, Fernando I, que era casado com a irmã de Luís, Ana de Boêmia e Hungria. Apesar de seu casamento ter sido arranjado, Luís e Maria foram felizes juntos. Depois da morte do esposo, Maria rejeitou todas as propostas de casamento e usou o medalhão em forma de coração que seu esposo usou na batalha de Mohács.

Fonte: Wikipédia

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Amato Lusitano

João Rodrigues de Castelo, ou seja, Amato Lusitano nasceu em Castelo Branco, filho de pais judeus. Foi para Espanha estudar na Universidade de Salamanca e, ao tentar voltar para Portugal em 1529, foi impedido pela inquisição por ser judeu.

Assim em 1534 viajou para Antuérpia onde publicou o seu primeiro livro, em 1536. Aí também adoptou este nome com o qual passou a assinar as suas obras. Viajou por toda a Europa até se estabelecer na cidade de Ferrara em 1541 em Itália, onde foi Professor Universitário de Anatomia. Era poliglota, falando Latim, Grego, Hebraico, Árabe, Português, Castelhano, Francês, Italiano, Alemão e Inglês.

Amato Lusitano

Em Itália vivia-se uma grande instabilidade política e religiosa, levando-o a ir para Roma onde foi médico do Papa Júlio III.

Com a intensificação da perseguição anti-semita, com a nomeação do Papa Paulo IV, este teve que abandonar a Itália e procurar refúgio no Império Otomano.

Amato Lusitano faleceu devido à Peste, com 57 anos de idade.

Fonte - wikipédia

terça-feira, 18 de maio de 2010

Capítulo V - A saída do Egipto

O capitulo V narra episódios que ocorreram entre 1553 e 1554. O Duque de Naxos relata a Caraffa, a vida infortunada do povo judeu: “Sabe-se lá nós os judeus, podemos perder tudo num só dia. Fui duque, quase rei, e vês, tudo passou, tiraram-me tudo, não tenho nada a não ser um título oco, um palácio e ouro”.

A família Mendes prepara-se para partir para Leste, com rumo a Jerusalém. Depois de passar ao lado de Mântua, atravessar o mar, montanhas, cumes e campos, a família Mendes ponderou dirige-se para a Bósnia, chegando a Salónica. Os primeiros dias em Mântua foram acessíveis mas depois de ultrapassarem uma tempestade (“violentas trovoadas abateram-se sobre a região; mas aquilo ainda não era nada; em breve as prolongadas chuvas de Inverno transitam-nos até aos ossos”), alguns obstáculos começam a surgir.

Mântua, Ítalia

No mês de Fevereiro de 1553 Beatriz adoece e o seu estado de saúde piora cada vez mais. Depois deste grande susto passar, Reyna por sua vez, volta a cantar e encanta Josef. Mas, "poderá alguém amar uma voz sem amar o corpo?" Questiona o Duque de Naxos.

Em Ragusa, terra rodeada de montanhas e de um sol quente, a passagem da Senhora, é celebrada dignamente. Também em Salónica a Senhora é muito bem recebida e ainda aclamada de Dama. A Senhora distribui tesouros e fundos para a construção de uma sinagoga, que tem hoje o seu nome, Há-Geveret.

Ragusa, Itália

Salónica, Grécia

Neste ano de 1553 o Império do Ocidente perde poder, sendo Kazan tomada pelos Cristãos, o que contribui para pouca segurança dos judeus. Durante a estadia de Beatriz em Ragusa, Josef e a prima ficam bastante próximos contudo, o casamento previsto entre Reyna e Josef acaba por acontecer.

Capítulo IV - A Bíblia de Ferrara

Este quarto capítulo, passa-se entre os anos de 1550 e 1553. Começa com a chegada de Josef, a Ferrara, que logo procura pelo palácio de Pedra amarela, onde se refugiava Dona Gracia Nasi. Ao lá chegar ouviu uma voz de mulher a cantar ” Al resplendor de la Luna” a romanza que José cantava para Maria da Hungria, era a voz de Reyna, que ao vê-lo o abraçou. Logo de seguida Dona Grazia apareceu, de cabelos brancos e traços puros.

Localização de Ferrara

A comunidade judaica em Ferrara tinha brilho e poder, oferecendo a Beatriz o quadro perfeito de uma educação judaica. O sábio Abrãao Abulafia era certamente desconhecido e pregava a liberdade da alma, conhecendo o Oriente, sendo com os sufis (místicos do islão), que aprendeu como reunir a alma ao seu Deus.

Josef apercebeu-se que Beatriz já não era bem a mesma, apesar de saíem, irem a festas e reunirem-se nos jardins. Beatriz, sob a influência de Dona Benvenida começou a jejuar. Nas horas das refeições retirava-se para o quarto, Josef intrigado, um dia subiu ao quarto e viu Beatriz de mãos nos joelhos, sentada, o se olhar estava absolutamente vazio. Colocando a mão sobre o seu peito, reparou que a sua respiração parara e tomando o seu pulso, não sentiu nada. Após acordar explicou a Josef , que era a Devenkhouth que Benvenida lhe ensinara. Josef também quis aprender esta técnica.

Um dia desentenderam-se, pois Beatriz tirava o sabor de tudo o que comia, já não usava especiarias, sentiu-se mal e caiu nos braços de Josef e este pensou que estava morta. Era necessário ocupá-la com serões poéticos, obras de caridade das senhoras.

Beatriz amava o impossível, investiu o dinheiro necessário, para traduzir a Bíblia, para o judaico – espanhol, assim todos os seus irmãos, mesmo os mais desfavorecidos, poderiam ter acesso aos textos sagrados.

Bíblia de Ferrara

Bíblia Hebraica

Foi com a chegada da primavera, que as pessoas começaram a adoecer, chegando assim a peste. Os Cristãos já não comiam aves de capoeira, nem leitão, nem animais ribeirinhos e consideravam o azeite cozido mortal. No momento de agonia, colocava-se-lhes nos lábios um pedaço de pão para atrair o veneno com o último suspiro.

Triunfo da Morte, por Peter Bruegel

Com tudo isto decidiram sair de Ferrara e após três meses, assegurados de que a Epidemia havia terminado, retornaram a Ferrara que renascia para uma vida normal. Aí começaram a preparar a partida para Istambul e, pouco tempo depois, partiram para a terra prometida.